Anúncios de jornal divulgam:
“Procura-se pessoas que morem sozinhas na cidade do Rio de Janeiro interessadas em participar de um trabalho artístico durante
uma semana. Paga-se bem.”
Assim começa o espetáculo Meu avesso é mais visível que um poste. 5 meses antes da data marcada para a estréia, começa a
busca pelos personagens do trabalho. Pessoas que morem sozinhas na cidade do Rio de Janeiro. Estes são os personagens. 1 mês
de processo de seleção dos interessados. 50 escolhidos recebem 500 reais cada para que escrevam 2 diários durante uma semana.
Os 9 atores do espetáculo passam pelo mesmo processo. Cada participante recebe um caderno de capa vermelha e um de capa
preta. O primeiro deve ser preenchido com projeções possíveis, o segundo, com lembranças. O primeiro, com tudo o que se espera
de um dia, e o segundo, com tudo o que se escolhe relatar sobre esse mesmo dia. Não há como saber se o que é relatado nos
diários corresponde à realidade, se é verdade ou não. E, na verdade, nem interessa saber, o que importa aqui para a construção
dramatúrgica é exatamente esse processo de ficcionalização da própria vida. Depois de uma semana, os cadernos são entregues
aos dramaturgos, que por um período de 3 semanas realizam uma primeira seleção do material.
Depois de dois meses de pesquisa e levantamento de material, começam os ensaios com os atores, que deverão durar 3 meses.
